Formação cultural do designer

Reflexão motivada por uma consulta realizada por Fabián García, Coordenador do curso de Design Gráfico da Fundación Área Andina, Bogotá.

Norberto Chaves, autor AutorNorberto Chaves Seguidores: 3934

Luiz Claudio Gonçalves Gomes, tradutor TraduçãoLuiz Claudio Gonçalves Gomes Seguidores: 46

Ilustração principal do artigo Formação cultural do designer

Entre as várias acepções do termo cultura (todas legítimas), a mais útil a nossa problemática profissional e docente é a mais «antropológica». Quando me refiro à necessidade de se capacitar culturalmente, refiro-me ao conhecimento e domínio dos códigos que regem o universo simbólico, desde os «usos e costumes» até os grandes gêneros, e desde suas manifestações históricas até as contemporâneas.

No caso específico do design gráfico, considero que o profissional deve conhecer as manifestações gráficas, desde as pinturas rupestres até as correntes do design gráfico contemporâneo e as produções extra-acadêmicas: vernacular, espontânea ou marginal. Para contextualizar tais conhecimentos, o profissional deve estra familiarizado com campos culturais contíguos: artes plásticas, arquitetura, cinema, entre outras, e sua história. Apenas para exemplificar: um designer não pode confundir uma peça neoplástica com uma construtivista. Muito menos, desconhecer estas correntes estéticas.

Este volume de conhecimentos se adquire tanto através da documentação (bibliografias, museus, arquivos, exposições, etc.) como através da experiência cotidiana (observação atenta dos fatos sociais e seus contextos). Diante de ambas as fontes é necessária uma sólida capacidade analítica que facilite a compreensão do sentido daquilo que se observa. E aqui entra em ação outra dimensão da formação: a capacitação, não apenas cultural mas também intelectual (que não são a mesma coisa); o domínio de categorias teóricas que permitam esmiuçar e interpretar os fatos.

Um profissional bem formado deve conhecer e saber aplicar pelo menos os conceitos básicos da sociologia, da psicologia, da antropologia, da semiótica e da linguística. As escolas de design habitualmente desdenham esse tipo de ensino. Criam, desse modo, uma espécie de operador superficial de formas, um inculto rebuscado que acredita que para projetar é suficiente «ser designer».

Parte importante dessa formação é responsabilidade específica do ensino secundário. A adolescência é o período exato para a «paideia», ou seja, para a transformação da criança em cidadão culturalmente integrado. Mas é de domínio público a profunda crise desse ensino, que deve enfrentar a concorrência desleal do consumo de «penduricários» e pseudocultura «na rede», que tem o adolescente como alvo, precisamente por encontrar nele «um alvo».

A universidade não pode suprir totalmente essas carências, por duas razões: primeiro, porque seus programas de estudo ficariam «inchados» de matérias e o curso se estenderia para além do aceitável; e, segundo, porque para parte dos estudantes – adeptos e satisfeitos com os consumos de aculturados – já seria tarde demais para motivá-los para a cultura.

Somente podemos aspirar que, proporcionando-lhes contatos potentes, mobilizadores, com as melhores obras da cultura, parte do alunado desenvolva avidez cultural e lhe seja oferecido em sua agenda «tarefas» para se encantar com elas, que é a melhor maneira de educar.

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Retrato de Lucas Feijó
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Set. 2015

Excelente artigo! Concordo que as universidades não podem suprir tal preenchimento cultural, mas a mesma deve ser propulsora e incentivadora deste movimento. De forma geral o ensino como um todo deve ser. Concordo que para o designer é peça fundamental, mas para quem não é também. Boa cultura não faz mal a ninguém! Pelo contrário, só nos enriquece,

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