10 Principios do Design

Dez principios que, sem ser mandamentos para serem cumpridos à ferro e fogo, o designer deve tomar em conta na hora de encarar o exercicio profissional.

Gabriel Simón, autor AutorGabriel Simón Seguidores: 222

Marcio Dupont, tradutor TraduçãoMarcio Dupont Seguidores: 70

Algum tempo atrás um cliente —gerente de uma empresa—  me recomendou a leitura de Pensar como os Designers1 um artigo de Jeanne Liedtka na revista Business Management. Achei muito interessante que um diretor-executivo da Escola de Negócios da Universidade de Virginia recomendasse aos seus executivos que se aproximassem do modus operandi dos Designers.

Para ela DESIGN é a "arma secreta" dos negócios no século XXI ", uma disciplina que se caracteriza por processos mais participativos e comunicativos ... para inventar e aprender, em vez de controlar." Depois de ler o artigo conversei com o meu cliente entusiasmado e aquela conversa me motivou a escrever este pequeno texto.

Pensar como Designer envolve certos princípios aceitos por um grupo de profissionais sobre o que se deve ou não fazer em determinadas circunstâncias e que são o produto de uma experiência significativa. Estes princípios são frases que resumem um pouco desse conhecimento, atitude ou habilidade específica.

Aqui estão dez dicas de Design que me atrevo a colocar na mesa para os meus colegas: 

1. Design é uma conversa

Desenhar significa saber incluir mais pessoas na conversa.

A imagem do gênio solitário que trabalha em seu escritório é um mito, tanto na ciência, nos negócios e mesmo no Design. O “projetar” inclui vários pontos de vista no processo, torna-se uma conversa. Quanto mais complexo o desafio do projeto, maiores serão os benefícios de ter diversas vozes e olhares. Devem estar presentes desde o início todos aqueles capazes de fabricar, vender, usar, aprovar ou parar o projeto; trabalhar simultaneamente com engenheiros, economistas, comerciantes e funcionários públicos; operar em círculos de feedback rápido, e trabalhar gradualmente em detalhes. 

2. Design não é um debate

Desenhar é aprender a comunicar de outra maneira.

Para produzir Design de qualidade temos que mudar a forma como falamos entre nós. Em um ambiente de negócios você pode aprender a fazê-lo como se estivesse em um debate: defender uma posição; mas o debate muitas vezes leva à estagnação em vez do progresso. Ninguém tem a verdade, mas na realidade todos a tem. O progresso vem de novas perguntas, e não de discussões sobre as soluções existentes; surge de reexaminar o que tomamos como padrão e criar entre todos novas alternativas.

3. Design desfaz o que uniu e reconstrói o disperso

Design é um trabalho de ida e volta.

Para resolver um problema de Design deve-se desmembra-lo, definindo, identificando seus elementos, suas necessidades, seus parâmetros, etc., separando o que está unido na realidade. Isso é feito com palavras, mas para resolver definitivamente temos que falar em outra língua: a linguagem da forma. Para definir a forma temos de trabalhar ao contrario: é preciso unir o que está separado tentando ser claro sobre o resultado desejado do Design, definido em conversas anteriores. O papel inicial de análise verbal tem de ser complementado por síntese formal. Interpretar separando os componentes fundamentais e, em seguida, inventar soluções que integram essa dispersão.

4. Design não aceita a mediocridade

Desenhar significa que sempre há algo melhor.

O Designer é um não conformista: reconhece que podem existir possibilidades melhores que as já existentes. Uma das coisas mais tristes é se contentar com a mediocridade. Nesta situação, precisamos cativar e inspirar o nosso público para algo melhor. Usuários se resignam e aceitam o que lhes é dado. O Design intervém indiretamente como uma positiva influência e através dele se almeja a querer mais do melhor. A diferença entre os grandes projetos e aqueles que "são apenas bons" é a forma como os Designers procuram algo maior do que a mediocridade.

5. Design é um jogo entre as necessidades e possibilidades

Desenhar é discutir possibilidades.

Diz-se que um grande Design surge a partir da combinação dos limites, eventos fortuitos e oportunidades, elementos-chave para a criação de projetos inovadores, elegantes e funcionais. Mas é extremamente importante saber por onde começar. Um grande Design se inicia com a pergunta: "E se qualquer coisa fosse possível?". Se o projeto é uma “inventio"2 , um produto da imaginação, e se nossas hipóteses são limitadas apenas pelo que podemos imaginar, a tarefa número um é remover as hipóteses que surgem de nossa crença em limitações. O Design é o ato humano que relaciona o fundamento de toda realidade com a possibilidade.

6. Design antecipa o futuro

O Design é uma estratégia equivalente a inventar o futuro.

Levar a sério a metáfora do Design significa reconhecer a diferença entre o que os cientistas fazem e o que os Designers fazem. Enquanto os cientistas investigam o “ontem” para encontrar as explicações sobre o que existirá, Designers utilizam essas explicações para inventar o “amanhã”, para criar algo que não existe. Todos nós temos que considerar a estratégia do Design, porque queremos que o futuro seja melhor que o presente.

7. O Bom Design é o menos “desenhado” possível

Desenhar é valorizar a simplicidade sem ser vulgar.

O Design vai além da funcionalidade para alcançar a elegância. Sem perder o essencial e não incluindo nada superficial. O Design não é mais complexo do que é necessário. Deve ser sóbrio e não ser tão chamativo como para que seja considerado um ornamento. "Menos é mais", cumprindo de maneira cabal sem redundância ou exagero de formas.

8. Design é um ensaio permanente

Desenhar é aprender a experimentar.

Ensaiar é atrever-se a construção imaginária. A maioria das experiências de Design acontece na mente onde se conjeturam e testam novos futuros que encontram a sua expressão em modelos, desenhos, protótipos de materiais. A experimentação é para o Design o que é o oxigênio para a combustão. Certos ensaios são realizados no mundo real e representam uma comprovação das hipóteses levantadas. 

9. Design é tecnologia aplicada

Desenhar é saber dominar as habilidades técnicas essenciais do Design.

O Design deve ser inventivo, persuasivo, elegante e inspirador, mas apenas tem sucesso quando funciona corretamente, e isso só é conseguido através do domínio de determinadas habilidades técnicas. Tanto o material e a tecnologia para processá-lo tem peso na construção da forma dos objetos. Nosso desafio como Designers é fazer com que a tecnologia seja acessível e aplicável.

10. O Design é uma estratégia retórica

Desenhar é reconhecer o poder da persuasão.

Não é fácil atrair as pessoas para compartilhar uma imagem do futuro. Afinal de contas, na maioria das empresas as estratégias de negócio exigem que as pessoas se comprometam com algo novo e diferente, longe da segurança do que funcionou bem no passado. É mais fácil convencer os outros a partilhar a nossa visão se a expressamos como um convite e não como uma imposição. Quanto mais criativo é o designer é mais importante que tenha a capacidade de evocar a imagem para o cliente e para o que pode ser um público muito cético.

Assim, o Design torna-se uma conversa, não um debate entre pontos de vista opostos, integrando a dispersão, resolvendo a lacuna entre as necessidades e possibilidades sem aceitar a mediocridade, é um ensaio permanente que se antecipa ao futuro e que processa a ciência e a tecnologia em busca de simplicidade e clareza que evoquem uma imagem atraente, útil e confiável.

O que você acha? Compartilhe sua opinião agora!


Opiniões:
4
Votos:
28

Colabore com a difusão deste artigo traduzindo-o

Traduzir ao inglês Traduzir ao intaliano
  1. LIEDTKA, Jeanne. Pensar como los diseñadores, revista Gestión de Negocios, México no. 3/may-jun 2007.
  2. Para los griegos la inventio consistía en buscar las ideas y emociones adecuadas para la correcta exposición del mensaje persuasivo. Su correcto uso requiere del concurso del aprendizaje de la Retórica.
Código QR para acesso ao artigo 10 Principios do Design

Este artigo não expressa a opinião dos editores e responsáveis de FOROALFA, os quais não assumem qualquer responsabilidade pela sua autoria e natureza. Para reproduzi-lo, a não ser que esteja expressamente indicado, por favor solicitar autorização do autor. Dada a gratuidade deste site e a condição hiper-textual do meio, agradecemos que evite a reprodução total noutros Web sites. Publicado em 21/08/2014

Baixar PDF

Debate

Logotipo de
Sua opinião

Ingresse com sua conta para opinar neste artigo. Se não a tem, crê sua conta grátis agora.

Retrato de Chico Neto
2
Jan. 2015

Belíssimo texto. Parabéns, Gabriel. A todos que desejarem, "Pensar como Designers", citado aqui, está disponível em: http://issuu.com/dianamartinez...

0
Retrato de Murilo Contro
0
Out. 2014

O décimo princípio fecha perfeitamente com o contexto todo. Ótimo artigo, Sr. Simón!

Uma pequena observação: causou-me estranheza na leitura desta tradução à palavra ʼDiseñarʼ respectivamente no português para Desenhar... ʼDibujoʼ sim está para desenho e ʼDiseñoʼ está para Design, logo, ʼdiseñarʼ ao português encaixaria melhor a palavra ʼprojetarʼ. Afinal o design está além do desenho... Mas, ainda assim, talvez, ficará faltando alguma coisa...

0
Retrato de Marcos Esquef
0
Ago. 2014

Excelente! Exposto de forma clara, simples e, atual. Especialmente, quando reitera o caráter de "simplicidade" aos projetos, o domínio da técnica, o aprender sempre, a experimentação. Aspectos que não se observa muito, hoje em dia. Parabéns!

0
Retrato de Rique Nitzsche
278
Ago. 2014

Excelente artigo. Parabéns Gabriel.

0

Lhe poderiam interessar

Próximos seminários on-line

Cursos de atualização para se especializar com os melhores

Estrategia de Marca

Estrategia de Marca

Claves para programar el diseño de símbolos y logotipos de alto rendimiento

20 horas (aprox.)
1 mayo

Tipología de Marcas

Tipología de Marcas

Criterios y herramientas para seleccionar el tipo adecuado al diseñar marcas

15 horas (aprox.)
1 mayo

Branding Corporativo

Branding Corporativo

Cómo planificar, construir y gestionar la marca de empresas e instituciones

20 horas (aprox.)
1 junio