Sou ou não sou um bom estudante?

Método simples de autoavaliação para estudantes universitários de design gráfico.

Norberto Chaves, autor AutorNorberto Chaves Seguidores: 3914

Gabriel Bergmann Borges Vieira, tradutor TraduçãoGabriel Bergmann Borges Vieira Seguidores: 16

Sou ou não sou um bom estudante?
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A profissão de design gráfico conta, internacionalmente, com um grupo de designers de alto nível, com uma excelente formação cultural e técnica; e que, por conseguinte, possuem uma visão claríssima de seu ofício. Lamentavelmente, isso não se observa em uma parte significativa dos estudantes de design gráfico. Nesse setor, persiste a desorientação sobre o próprio conceito e missão da disciplina e, portanto, sobre o tipo de formação que deve ser adquirida para dominá-la. Isso fica evidente pelas dúvidas e questionamentos que, insistentemente, surgem nos seminários e meios de opinião. Deficit das universidades?

Para colaborar com estudantes e jovens designers na solução desse problema, ocorreu-me redigir uma série de perguntas que seria conveniente que eles se fizessem e respondessem, para saber se estão conduzindo corretamente seu processo de formação e capacitação. São as seguintes:

  1. Sinto um enorme interesse pela arte gráfica, histórica e contemporânea, e de todas as culturas, incluindo as rupestres; e dedico tempo para me aprofundar sobre elas e analisá-las?
  2. Consulto e estudo a obra dos grandes mestres do design gráfico, da tipografia, da ilustração, da fotografia (e, desde já, sei quem são)?
  3. Distingo e sei caracterizar as correntes e estilos gráficos diferenciados; e posso recriá-los, dado que domino seus princípios?
  4. Gosto e frequento gêneros culturais próximos (e não tão próximos) do grafismo: desenho, pintura, arquitetura, bom cinema, boa música, a melhor literatura?

  5. Estou muito preocupado com os novos fenômenos da sociedade atual, as suas enormes crises e as suas tendências de evolução ou mudança; E para me atualizar, consulto os textos dos mais importantes pensadores do assunto?

  6. Estou interessado em dominar alguns conceitos teóricos básicos, especialmente aqueles relacionados com comunicação e cultura: linguística, semiótica, teoria da comunicação, antropologia; E li, pelo menos, seus textos mais básicos?

  7. Me atrai observar o ambiente gráfico em que me movo e sei avaliar profissionalmente – e não por mera opinião – a qualidade das peças; E, além disso, faço isso permanentemente como treinamento?

Poderíamos estender esta autopesquisa, mas com estas sete perguntas há o suficiente para entretê-lo. Ainda assim, eu adoraria que alguém preenchesse este questionário. Bons alunos agradeceriam por isso.

O treinamento de adultos (presumo que sejam) é essencialmente autodidata. Um jovem passivo, indolente, sem ambições de desenvolvimento pessoal, que se limita a “fazer o dever de casa”, mesmo que se forme na melhor escola de design, será sempre medíocre. Ou um fracassado. A fascinante experiência de aprendizagem é basicamente solitária e contínua: nenhum livro é lido em grupos e a bibliografia é infinita.

A qualidade da produção de design não é produto de um hipotético talento inato, mas de uma formação sólida, claro, baseada em vocações e características de personalidade. Esta formação é o que nos permite realizar o que chamo de “ato de herança”, ou seja, a incorporação do conhecimento socialmente acumulado, para podermos aderir à tarefa, não do zero, mas a partir de uma herança internalizada.

Se há algo que causou e continua a causar enormes danos à formação do designer gráfico, esse algo é o mito da “criatividade”, entendida como dom intrínseco de um sujeito virgem de todo conhecimento.

Depois que essas sete perguntas forem respondidas honestamente, o aluno saberá qual é o seu “assunto inacabado”. Ou entenderá que precisa mudar de carreira antes que seja tarde.

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