Meus professores ruins de design

Memorias, experiências e conclusões de meus quatro anos de estudo na universidade.

Enrique De La Rosa Montoya, autor AutorEnrique De La Rosa Montoya Seguidores: 7

Luiz Claudio Gonçalves Gomes, tradutor TraduçãoLuiz Claudio Gonçalves Gomes Seguidores: 46

Ilustração principal do artigo Meus professores ruins de design

Quando eu era pequeno ouvia falar de um professor que era muito chato, antiquado ou que passava muitos trabalhos. De lá para cá, esta ideia sobre os maus professores tem mudado constante e radicalmente.

Na universidade, um lugar onde finalmente conseguiria uma preparação para o que me encanta e tenho aptidões, eu esperava me encontrara com um competente corpo de cientistas teóricos incansáveis, cheios de sabedoria para compartilhar conhecimentos referentes ao que se refere à minha carreira. Bom... é uma ideia utópica sobre qualquer escola, mas pelo menos esperava encontrar pessoas que pudessem compartilhar sua experiência como designers; algo que não aconteceu em muitos casos em minha faculdade.

Francsico Calles, no artigo Notas incômodas sobre o ensino de design, disse:

«O trabalho acadêmico (?) de quem atua como docente nas instituições educativas é agradável, aparentemente fácil e bem visto socialmente. Ademais, é possível dar aulas e depois ir trabalhar – como se o trabalho docente fosse uma espécie de passatempo e não um trabalho».

Isto coincide com meu ponto de vista sobre muitos docentes de minha faculdade. Aparentemente ali foram convocados os primeiros e mais disponíveis docentes com título universitário (na melhor das hipóteses, com curso superior de Design Gráfico) para entreter durante algumas horas um grupo de 15 a 25 alunos. Ainda que cumpram alguns requisitos para ocupar o cargo, é claro que muitos não têm a capacidade para dar uma instrução pedagógica efetiva.

Dentro de minha sala

Imagina alguns de meus professores diante de um auditório cheio de estudantes curiosos por receber importantes informações que lhes acrescente algo a sua formação profissional. Aí estou eu. No momento de sua aparição e durante a hora que se seguiu, o docente (prefiro não chama-lo Professor) balbuciava vinte ideias confusas, redundantes ou, inclusive, sem sentido. Como lhe sobrava tempo, também conversas sobre acontecimentos corriqueiros e gracejos que apenas provocam algumas risadas isoladas.

Logo após algum tempo de aula, inicia-se um ambiente de desconcerto. Nós estudantes nos perguntamos se realmente os objetivos pedagógicos estão sendo atingidos, se estamos conseguindo compreender e aprender os temas previstos para o curso. O clima rarefaz-se e produz-se uma grande incerteza pelas diferenças entre o professor e seus alunos.

Vemo-nos forçado a iniciar uma conversa a respeito da situação do curso e solicitar-lhe que compartilhasse um pouco de sua experiência e filosofia. Mas o docente ficou bravo, talvez porque não soubesse encaixar os temas e nem sintonizar-se com a turma. No pior dos casos, quando vê frustrados seus intentos para seguir com a aula, o docente decide impor sua autoridade como no regime nazista, mas na versão «pirata», enviando à guilhotina os opositores de seu sistema.

Seria culpa dos alunos que este docente não tenha conseguido destrinchar devidamente os temas, nem tenha demonstrado as aptidões necessárias para estabelecer critérios objetivos de avaliação? Se não consegue transmitir os resultados da avaliação em problemas simples, o que podemos esperar quando se tratar de problemas de maior complexidade? Por que meus docentes não separam cada problema em partes para que possamos analisá-las e compreendê-las completamente? Por que não nos ajudaram a resolver corretamente os projetos?

Pergunto-me onde está falhando este sistema educativo? Estes docentes que não sabem bem o que e como ensinam são responsáveis? Ou é culpa de quem os contratam ou os colocam diante de uma turma? Os que ocupam os cargos de coordenação, direção, etc. São conscientes de que isso acontece?

Hoje, depois de quatro anos na profissão, me dou conta que os melhores professores são aqueles que conseguiram transmitir-me seus conhecimentos, aqueles que me propuseram metas dentro da sala de aula, aqueles que me explicaram claramente o objetivo e a aplicação prática dos exercícios. Aqueles que quando foi necessário me chamaram a atenção, mas também me ajudaram e me ensinaram, com real autoridade, liderança e disciplina.

Oxalá a experiência de milhares de estudantes de design não seja tão ruim quanto foi a minha.

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Retrato de Alberto Cipiniuk
6
Jul. 2015

Prezado Enrique,

Acho que entendo os seu problema e gostaria de recomendar a leitura de meu livro: Design: o livro dos porquês. O campo do design compreendido como produção social. Rio de Janeiro e São Paulo: PUC-Rio e Editora Reflexão, 2014.

Cordialmente,

A.

0
Retrato de Rodrigo Dal Moro
1
Rodrigo Dal Moro
Jul. 2015

Olá, estou a alguns anos na faculdade de design, e já tive esta percepção também. Porém, com o passar do tempo, percebi que é o aluno, na verdade, que faz a sua faculdade valer a pena. Será que necessitamos de professores em cima de nós sempre? Ou não bastaria eles apenas nos dar caminhos, e nós trilharmos conforme nossa dedicação/curiosidade/sede de conhecimento. Precisamos de uma base forte no curso, mas não ao ponto de nos restringir.

Mas, partilhando da tua ideia, quem dera se tivéssemos apenas professores referências nas suas áreas, e que pudessem agregar sempre, seja em âmbito pessoal, profissional, e claro, na parte acadêmica.

Abraços

Rodrigo Dal Moro

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