Aprender design sem design(er)?
Aprender design requer conhecer os modos de pensar, agir e projetar próprios do profissional da área. Onde estão os designers para ensinar projeto e prática de design?
AutorGabriel Bergmann Borges Vieira Seguidores: 16
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A difusão do design enquanto área de conhecimento está relacionada com o grande número de cursos de design ofertados nas mais diversas modalidades, áreas e regiões do Brasil. Cursos livres, cursos técnicos, cursos superiores de tecnologia, bacharelados e pós-graduações são facilmente encontradas em qualquer busca na internet ou, simplesmente, ao caminhar atentamente pelas ruas.
Entender como uma pessoa desenvolve/constrói o conhecimento é um desejo antigo dos profissionais voltados para o processo de ensino e aprendizagem. De modo geral, a construção de conhecimento em qualquer campo e conforme diferentes teóricos da educação, existe quando há um desenvolvimento baseado na interação entre professor e aluno, sendo a informação aplicada no fazer humano. Nesse sentido, aprender design requer conhecer os modos de pensar, agir e projetar próprios do profissional da área.
Embora exista uma crescente busca por metodologias de ensino e aprendizagem, bem como dinâmicas de aula que propiciem a construção de conhecimentos, habilidades e competências, o que é preocupante é justamente a falta de conhecimentos, habilidades e competências próprias da área por parte de quem “teoricamente” deveria ensinar. Muitos cursos que se propõem a “ensinar” a prática do design são ministrados por quem não teve sequer vivência profissional como designer, muito menos ter formação acadêmica para vivenciar tal prática. Não parece um pouco difícil ensinar o que não se conhece?
Sabemos que a o design exige articulação das mais diversas áreas do conhecimento, seja do campo das artes, ciências sociais, engenharias, entre tantas outras. Mas onde estão os designers para ensinar projeto e prática de design? Como desenvolver a práxis em um processo de ensinoaprendizagem em que os pares (aluno e professor) estão igualmente no mesmo estágio do processo de construção de conhecimento? E se fosse em outra área: que tal um curso de medicina ensinar prática médica sem professores médicos?
Será que na área do ensino do design não estão reforçando o pensamento de “quem sabe faz, quem não sabe ensina”? Estamos preparados para sustentar as consequências como, por exemplo, o crescimento de concluintes desses cursos superiores buscando atuar justamente na área de ensino? Ou graduados inseguros quanto a prática profissional na sua área de formação?
É bem verdade que, quanto maior a conectividade em rede digital e maior o volume de informações, mais complexa é a tarefa de certificar a veracidade e confiabilidade das coisas. Nesse sentido, para aprender de fato é preciso investigar para tomar uma decisão de curso que propicie uma formação consistente na área de design. Embora poucas, temos instituições de ensino imbuídas do propósito de zelar pela formação ética e coerente da área, com designers (graduados e com vivência prática) com o ideal de contribuir na formação integral de designers que saibam projetar também suas próprias carreiras.
Já, para os que são aventureiros, é bem fácil encontrar instituições de “design sem design(ers)” que, na própria concepção de instituição de ensino, carecem da essência do design: pensar, agir e projetar.
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