A ressureição do design físico
Ao contrário de muitas previsões e dos incríveis produtos digitais existentes, os livros físicos não morreram; por motivos semelhantes, o Design físico também não morrerá.
AutorPablo Torres Seguidores: 9
EdiçãoMarcio Dupont Seguidores: 70
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Lembro que há alguns poucos anos, quando surgiram as primeiras notícias sobre o surgimento do livro digital, muitos imaginaram a morte do livro físico. Seria o fim das bibliotecas e livrarias, já que qualquer um poderia acessar facilmente acervos de livros na internet ou fazer o download e desfrutar da leitura em um dispositivo móvel, como um tablet ou até no seu celular. Melhor de tudo, toda sua biblioteca seria levada na memória desse dispositivo, ou seja, não seria mais necessário ocupar espaço! Maravilha!
Apesar do mercado de livros digitais crescer sem parar (dados apontam crescimento de 300% em um ano), o que podemos constatar é que o mercado de livros impressos nunca foi tão promissor como agora! Segundo dados publicados pela AAP (Associação Americana de Editores), apesar da crise financeira, a venda de livros aumentou em 13% nos EUA no ano de 2012, movimentando 2,33 bilhões de dólares. Segundo estudos da International Publishers Association (IPA), os EUA permanecerão na primeira colocação de maior mercado de livros do mundo, seguido pela China. O Brasil, que antes figurava entre os 20 primeiros, ficou com a nona colocação mundial!
Nesse sentido, podemos dizer que não há dualidade entre os tipos de livros, mas há complementaridade. Eles não existem para dividir, mas para dar mais opções a quem busca a leitura. O livro físico traz a experiência do toque, os detalhes da impressão e do design gráfico, a experiência da aquisição em um ambiente apropriado; é possível ler o livro físico no ônibus ou no metrô e não correr o risco dele ser roubado. O livro digital não ocupa espaço, está inserido em um aplicativo entre muitos outros do dispositivo eletrônico, ele pode ser animado e ilustrativo, além de também ser possível ler um livro de 700 páginas sem ter que carregar 2 quilos caso fosse um livro físico.
O design viveu por um tempo o mesmo dilema: estaria o design de produtos digitais substituindo o design de objetos? Thomas Rempen, em 1994, chegou a prever que no futuro se faria cada vez menos a configuração do hardware, ou seja, de produtos reais, e sim a configuração de software, de ideias reais e complexas.
Porém, como desfrutar dos maravilhosos produtos digitais sem uma estrutura física por trás deles? Como acessar a internet sem um computador, ou baixar e utilizar aplicativos sem um tablet ou celular? O que seria da experiência de consumo de um produto Apple sem o iPhone ou sem o iOS ou o iTunes? Neste sentido, o design físico não pode ser esquecido e nem menos ser relegado ao segundo plano. O design de objetos e o design de produtos digitais devem coexistir e se complementar, assim como os livros físicos e digitais!
Jean-Noël Kapferer sugere que as empresas redescubram a dimensão física, sem a qual a marca não é nada. Foi isso que fizeram grandes marcas de tecnologia, como Amazon, Microsoft e Google. A Amazon criou o Kindle, um dispositivo próprio para compra e consumo de livros digitais. A Microsoft, sempre conhecida pelos softwares mais populares do mundo, lançou o console XBox para entrar no promissor mercado dos vídeos games. E o Google lançou o Nexus, famoso como «o celular da Google», e o Google Glass, que vem para revolucionar a interação entre usuário-produto digital por meio de um produto físico.
Assim, o design de produtos físicos, que as pessoas veem e tocam, se complementa e se enriquece com o design de produtos digitais, onde acontece a interação e a magia, com o objetivo de criar e levar ao consumidor uma experiência memorável de marca. Da mesma forma que os melhores livros fazem, transformando a nossa visão de mundo e da vida mesma.
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