Esquematismo

Já levo mais de três décadas a trabalhar aprofundadamente na prática, estudo, pesquisa e experimentação de um fenómeno que me fascina: o mundo dos esquemas.

Joan Costa, autor AutorJoan Costa Seguidores: 2581

Alvaro Sousa, tradutor TraduçãoAlvaro Sousa Seguidores: 16

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Charles S. Peirce, pai da semiótica, disse que «o esquema é a arte da síntese». Essa arte surge da «esquematização», que é uma tendência humana inata para a simplificação inteligente da complexidade ou sobre como a dominar. É a «difícil facilidade» de tomar decisões, resolver problemas e comunicar de forma eficaz.

O meu interesse pelo «esquematismo» contrasta com a pouca atenção que o assunto despertou nos campos da Comunicação e do Design, até à chegada dos programas de computador. Com a infografia, a ferramenta antecipou-se ao conceito. Era evidente a falta de suporte teórico e metodológico dos processos mentais e gráficos de esquematização. Esta deveria tornar-se finalmente numa disciplina da comunicação visual –um dos objetivos do livro que apresento.

Nos anos 80, o nosso grupo europeu com sede em Paris já trabalhava no estudo do esquematismo integrando diferentes disciplinas. Desde então, tenho realizado várias investigações com universidades na Alemanha, França, Espanha, México e Colômbia, oferecendo cursos para professores, oficinas e eventos como o da «Tecnologia do Pensamento» e os livros de 1991, 1998 e os dois de 2019. Colaborei ainda em projetos como o da «Comunicação pública da ciência» para a Comissão Europeia (ver Telos no 57, Madrid, 2003).

De qualquer modo, essa experiências está subjacente neste meu novo livro.

Comunicação funcional

«Esquematismo. A eficácia da simplicidade. Teoria informacional do esquema», aborda a comunicação visual, a concepção e elaboração de esquemas, diagramas, organogramas, modelos, algoritmos, etc., e seus múltiplos usos sociais, assim como as suas evoluções históricas e culturais. Aborda também a conceptualização da nova disciplina baseada na ciência a que chamamos de «Esquemática» (Costa, 1998), enfatizando o «mática» final, invocando o impacto da informática na esquematização.

Seguem-se alguns princípios:

  • Um esquema é a visualização abstrata de realidades invisiveis do que nos rodeia e do próprio pensamento;
  • Dos três pilares fundamentais da linguagem gráfica — Signo, Imagem, Esquema —, apenas este possui essa singularidade comunicativa;
  • Como explicito no livro, o Texto explica, a Imagem mostra e o Esquema, para além disso, demonstra. O esquema é o expoente máximo da teoria da Demonstração, prativada, de forma pioneira, por Ramon Llull e Leonardo da Vinci.

Este livro divide-se em três partes:

  1. A primeira é dedicada ao «paradigma do ver» (Kant) tratando do «cérebro óptico do sapiens» e do predomínio da visão sobre o conhecimento e a ação. Segundo os estudos de Dodwell, 90% da informação que recebemos entra pelos olhos;
  2. Na segunda parte descubrimos que a «visualização» já estava presente na pré-história quando o homem, depois de desenhar o que via, se esforçava para desenhar o que sabia e o que pensava: um salto qualitativo da mente primitiva. Daí, passamos para a geometria no Neolítico. Em seguida, atravessamos a Antiguidade, quando aparecem a cartografia, os mapas, os planos da cidade e astronomia, a óptica e a anatomia, até que, na Idade Média, os filósofos, pensadores, alquimistas e cientistas criaram os esquemas abstratos. Com a imprensa de Gutenberg, surgiram nos livros os diagramas modernos, gráficos e diagramas de matemática, que se iriam multiplicar com a Revolução Industrial. Em meados do século passado irrompeu a Revolução Científica e os esquemas informáticos em 3D, 4D e 5D, que transformaram a esquematização e, portanto, as formas de conhecer, pensar e projetar.
  3. Na terceira e ultima a parte proponho a «Teoria informacional» do «esquema» que apresenta a forma como a estrutura informacional é construída e como programar o desempenho informativo do esquema. Também é desenvolvido o sistema gráfico da linguagem esquemática, a construção da informação sobre o espaço geométrico-matemático nos esquemas quantitativos ou o espaço psicológico nos esquemas qualitativos. Ainda apresento as sete variáveis de percepção e integração dos esquemas. Abrange-se assim, desde o momento em que a Informação se pode quantificar (a unidade de medida é o bit) até que o esquematismo atinge o status científico.

Nos anexos podemos encontrar as leis da teoria da Gestalt e de uma «infralógica visual», acompanhada de um glossário, da bibliografia e referências web, assim como cerca de uma centena de ilustrações que demonstram a evolução dos esquemas através de diferentes culturas.

Os esquemas são a linguagem da nossa soiedade do conhecimento.

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