Definição de design: Visões variadas do design profissional
Explore a definição de design além dos lugares-comuns. Analisamos sua essência como disciplina, sua diferença em relação à arte e seu papel funcional.
Nesta guia você encontrará:
- Qual é a definição mais aceita de "design"?
- Por que uma única palavra ("design") pode significar coisas tão distintas?
- É possível explicar o "design" sem usar a mesma palavra para defini-lo?
- Como a definição de design muda de acordo com o campo (gráfico, industrial, arquitetônico, etc.)?
- Existe uma essência comum a todas as definições específicas de design?
- Que utilidade prática tem para um profissional definir o que é design?
- Como uma definição clara ajuda a diferenciar o papel do designer dos de outros profissionais criativos e do artista?
- O design é uma atividade puramente funcional ou também é um ato criativo/artístico?
- Existem posturas filosóficas que se oponham a definir o design de maneira estrita?
- A definição de design muda dependendo de ser entendido como processo, como resultado final ou como profissão?
- Qual é a definição de design mais adequada para o FOROALFA?
Qual é a definição mais aceita de "design"?
Não existe uma única definição universalmente aceita, mas no âmbito acadêmico e profissional, o consenso se afasta das noções puramente estéticas. A definição mais rigorosa concebe o design como uma disciplina projetual. Foca-se na prefiguração de soluções para problemas específicos. Uma das conceituações mais influentes é a de Herbert A. Simon, que o descreveu como o processo de transformar situações existentes em situações preferidas. Em essência, o design é o planejamento deliberado e estratégico da forma e função de um artefato, serviço ou sistema antes de sua existência física ou implementação.
Por que uma única palavra ("design") pode significar coisas tão distintas?
A polissemia do termo "design" surge de sua aplicação em contextos radicalmente diferentes. A palavra é utilizada para descrever um processo (a ação de projetar), um resultado (o design de um objeto) e uma profissão (o campo do design). A essa complexidade intrínseca soma-se sua popularização e cooptação pelo marketing e pela linguagem coloquial, onde frequentemente se torna um adjetivo vago para qualificar algo como "moderno" ou "estético". Essa desvalorização semântica gera confusão e dilui o significado técnico e disciplinar do termo, obrigando os profissionais a um constante exercício de esclarecimento.
É possível explicar o "design" sem usar a mesma palavra para defini-lo?
Sim, e é um exercício útil para ganhar precisão. Pode ser descrito como a atividade de "projetar", "configurar" ou "prefigurar". Consiste na estruturação formal e funcional de objetos, comunicações ou serviços destinados à produção industrial ou implementação sistemática. É o processo de tomada de decisões estratégicas que definem como um artefato será, como funcionará e como interagirá com seu usuário para cumprir um propósito determinado. Falamos da concepção de um plano, um esquema ou uma especificação detalhada que serve como guia para a fabricação ou execução.
Como a definição de design muda de acordo com o campo (gráfico, industrial, arquitetônico, etc.)?
Embora a essência projetual seja comum, a definição é matizada de acordo com o objeto de estudo e os condicionantes de cada campo. O núcleo não muda, mas sim sua aplicação:
- Design industrial: Foca-se na configuração de produtos fabricados em série, considerando materiais, processos produtivos, ergonomia e ciclo de vida.
- Design gráfico: Centra-se na estruturação da comunicação visual, organizando texto e imagem em suportes bidimensionais ou digitais para transmitir uma mensagem específica a um público definido.
- Design arquitetônico: Aborda a concepção e organização de espaços habitáveis, integrando variáveis estruturais, funcionais, sociais e contextuais.
Em cada caso, o ato de projetar se adapta a mídias, escalas, objetivos e restrições particulares, mas a base metodológica e o propósito funcional permanecem.
Existe uma essência comum a todas as definições específicas de design?
Sim. A essência comum é o ato de projetar: uma atividade intelectual, metódica e deliberada de prefiguração. Diferentemente da criação espontânea, o design é intencional e teleológico, ou seja, é orientado a um fim. Essa atividade mediadora se situa entre a identificação de um problema ou necessidade e a criação de uma solução tangível ou intangível. A essência do design reside em sua capacidade de dar uma resposta formal e funcional, racionalmente argumentada, a um requisito específico dentro de um conjunto de condicionantes.
Que utilidade prática tem para um profissional definir o que é design?
Definir com rigor o design é uma ferramenta estratégica fundamental. Permite ao profissional delimitar o escopo de seu trabalho, justificar sua metodologia e comunicar o valor de sua intervenção a clientes, colaboradores e à sociedade. Uma definição clara transforma a percepção do designer de um mero "estilista" para um pensador estratégico que resolve problemas complexos. Serve para estabelecer honorários, redigir contratos, defender decisões projetuais e, em última análise, para construir e consolidar a autoridade e o respeito da disciplina.
Como uma definição clara ajuda a diferenciar o papel do designer dos de outros profissionais criativos e do artista?
Uma definição precisa é crucial para traçar fronteiras disciplinares. A distinção mais importante é com o artista: a arte tem como fim a expressão e a obra é autorreferencial, aberta à livre interpretação. O design, por outro lado, tem um fim utilitário; a obra é um meio para resolver um problema alheio e sua eficácia é medida por sua capacidade de cumprir uma função, não por seu valor expressivo. Diferentemente de outros criativos, como o publicitário que foca na mensagem persuasiva, o designer se concentra na configuração estrutural do artefato comunicacional ou do produto. O designer não cria "o que" se diz, mas "o como" se estrutura formalmente para que seja eficaz.
O design é uma atividade puramente funcional ou também é um ato criativo/artístico?
O design é uma atividade fundamentalmente funcional que se vale de processos criativos. A criatividade em design não é um fim em si mesma, como na arte, mas uma ferramenta para encontrar soluções eficientes para problemas concretos. A dimensão estética ou formal não é um acréscimo "artístico", mas uma parte integral da função. A forma de um objeto afeta sua usabilidade, sua percepção e sua eficiência. Portanto, embora o design possa produzir resultados de grande valor estético, sua natureza não é artística, mas projetual e utilitária. Confundir ambas é um erro conceitual que banaliza a complexidade estratégica do design.
Existem posturas filosóficas que se oponham a definir o design de maneira estrita?
Sim, existem correntes, frequentemente influenciadas pelo pensamento pós-moderno ou desconstrucionista, que criticam as definições estritas por considerá-las reducionistas e excludentes. Argumentam que uma definição fechada limita a evolução da disciplina e ignora as práticas híbridas e emergentes que diluem as fronteiras tradicionais. Essas posturas preferem uma compreensão mais fluida e aberta do design. No entanto, de uma perspectiva disciplinar e acadêmica, a falta de uma definição rigorosa leva à ambiguidade, enfraquece a profissão e dificulta o desenvolvimento de um corpo de conhecimento sólido e transmissível.
A definição de design muda dependendo de ser entendido como processo, como resultado final ou como profissão?
Mais do que mudar, a definição se complementa ao observar estas três facetas interconectadas. Entender o design requer compreender sua tripla natureza:
- Como processo: É a sequência de ações metódicas (pesquisa, análise, conceituação, prototipagem) para chegar a uma solução. É o "projetar".
- Como resultado: É o artefato, sistema ou comunicação já configurado. É o "design" de um produto.
- Como profissão: É o corpo de conhecimento, as competências e o arcabouço ético que regem a prática. É a disciplina do "Design".
Uma definição completa deve abranger estas três dimensões, entendendo que o processo dá origem ao resultado, e o conjunto de ambos, regido por um saber específico, constitui a profissão.
Qual é a definição de design mais adequada para o FOROALFA?
Para o FOROALFA, o design é a disciplina que se ocupa da prefiguração estratégica e racional da forma dos artefatos, serviços e sistemas para sua produção e uso. Seu propósito fundamental é resolver problemas específicos de interação entre as pessoas e seu ambiente, mediando através de soluções cuja eficácia é mensurável e cujo valor reside em sua funcionalidade, não em sua capacidade de autoexpressão. É, portanto, um ofício intelectual e uma prática técnica, distante do conceito de arte e focada na otimização do mundo artificial.
Recursos adicionais sobre Definição de design
A seguir, compartilhamos uma série de recursos desenvolvidos por especialistas no tema:
Reflexões
Workshop de prática profissional: análise, diagnóstico e programa de marca em casos reais