Iberia voando baixo?

A nova mudança de imagem corporativa da Iberia coloca o «Design» no papel de co-piloto involuntário desse vôo.

Rodolfo Álvarez, autor AutorRodolfo Álvarez Seguidores: 85

Luiz Claudio Gonçalves Gomes, tradutor TraduçãoLuiz Claudio Gonçalves Gomes Seguidores: 46

Ilustração principal do artigo Iberia voando baixo?

A companhia Iberia acaba de anunciar a mudança de seus signos marcários. Parece que mais uma vez nós designers somos sujeitos de observação pública, porque a mudança de design gráfico parece ser um mero pretexto, quando o que se faz é vulgarizar e banalizar mais uma vez esta área que já não goza de boa reputação ou prestígio. São estas as ações que operam na opinião pública transmitindo uma visão generalista e errônea do design.

As pessoas pensarão e dirão: «Para quê projetam um novo logotipo se o serviço continua o mesmo ou pior?» Instala-se assim a idéia de que o design é apenas uma manifestação de «decoração» ou uma «fachada».

Iberia é uma companhia que tem perdido seus valores de reputação e pretende solucionar seu problema com uma simples limpeza de rosto. Com novas alianças empresariais, sessões, sucessões, semi-estatais, novas estratégias para novas desculpas que jogam na cara do público, está claro que além da contrária imagem negativa da companhia ou indiferença, a profissão de «design gráfico» aparece oportunamente para gerentes ou políticos após ações retumbantes e comentários «D design» — como diria Yves Zimmermann — e nada mais; ou seja, ocos sem valor ou o contrário: faturáveis e muito, por inteligentes movimentos de «lobby» dos «especialistas em branding».

Evolução histórica da marca gráfica de Iberia.

Recordemos que muitas agências de publicidade e de branding estão por trás deste negócio. Parabéns para elas! Não questiono a ética dos que trabalham para elas porque, a final de contas, são os operadores de uma oportunidade onde o design é parte do negócio. Entretanto, realizam seu trabalho a mando de quem pretende tomar relevantes gestões diretoras.

Há algumas semanas um renomado especialista em posicionamento e estratégia de marcas espanholas, Raúl Peralba, argumentava sobre a mudança de imagem da marca Iberia:

«... a medida mais simbólica de sua nova estratégia para reforçar a imagem da companhia: o redesign da marca. Depois de um ano não isento de dificuldades, quando adotou um rigoroso plano de reestruturação, a aviação integrada em IAG (holding da fusão com British Airways) decidiu aplicar uma limpeza de rosto em sua política comercial, uma viagem que a direção da empresa desejou refletir com sua nova imagem corporativa. E, para isso, aposta inclusive na renovação de seu logo».

É frustrante! Os responsáveis pelo posicionamento levaram quarenta anos pregando no deserto... Incrível! Mas para muitos a marca segue sendo somente um desenho ornamental. Chego a vez de Iberia, uma empresa em decadência desde que seus gestores cederam o comando a British Airways. Dizem que desejam rever a estratégia competitiva e começam mudando o logo! Aos que procuram trabalho, já sabem, troquem a cor da roupa e mude a capacidade competitiva, facilitando sua contratação ainda que não façam mais nada.

Aplicação da nova marca gráfica no avião.
Marca gráfica aplicada na turbina.

É bem sabido que a mudança pode acontecer por movimentos de estratégia de comunicação, é claro que também motivada pela aliança comercial com a British Airways, que ultimamente tampouco goza de boa reputação. Talvez para melhorar a imagem, antes de mudar o logotipo, lhes seria conveniente melhorar o trato com o cliente, as ofertas e preços, a pontualidade, a qualidade de serviço, etc.

Entendo que este re-design superficial, atuará como um boomerang. A mudança é para os usuários ou para a companhia? Ou será uma questão de políticas e movimentos internos entre gerências? O que fica claro é que se optou por usar a manjada arte de modificar o que já existe para ver se cola

A nova marca gráfica nasce com algumas falhas evidentes que vale a pena mencionar:

  1. Mais uma vez é utilizado o airelom (leme) esquemático do avião, cortado por cores: uma solução repetida até a exaustão.
  2. A marca apresenta uma instável leiturabilidade uma vez que, por um ato criativo, as letras se tornam mais grossas em sua parte central e dão a impressão de movimento instável; coisa que em um avião nos faz pegar o saco de vômito.
  3. Tanto no símbolo como no logotipo são aplicadas nuances de cor para simular um falso relevo. Parece que voam baixo, até se atrasam, se é que isso tem alguma importância.
 

O design gráfico novamente é questionado e está voando baixo, com o risco de se chocar. E você, o que acha?

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  1. Ver nota de imprensa no site do Grupo Iberia.
  2. Del diseño, Yves Zimmermann, Barcelona, 1998. Editorial Gustavo Gili.
  3. Raúl Peralba, Presidente de Positioning Systems, Foro de Marcas Españolas Madrid, Espanha.
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