As palavras no design

O acervo linguístico como recurso para projetos.

Gabriel Bergmann Borges Vieira, autor AutorGabriel Bergmann Borges Vieira Seguidores: 16

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A comunicação é mediada por palavras e no desenvolvimento de um projeto, quanto maior o repertório do designer, maior a liberdade e potencial criativo de que o mesmo dispõe. Evidentemente, o processo de comunicação é fundamental nas diferentes etapas de um projeto, desde a compreensão do briefing; formulação de problemas de design; coleta e análise de dados; processo criativo; e apresentação do resultado.

Cabe destacar que a maneira como as palavras participam do processo de design assume ainda maior relevância ao considerar a atual ênfase em atributos simbólicos e na linguagem de produtos serviços projetados, centrando-se, essencialmente, no fator comunicativo.

O processo de comunicação tem como ponto fundamental o repertório e sinergia entre quem fala (ou escreve) e quem escuta (ou lê). A construção de sentido pode ser deturpada quando existe uma acentuada discrepância entre emissor e receptor. Como modo de promover um processo efetivo de comunicação, o acervo linguístico é determinante, essencialmente por parte do designer – tanto como emissor quanto como receptor de conceitos e conteúdos.

Como acervo lingüístico, a língua equivale a um dicionário e gramática cujos exemplares idênticos são repartidos entre os indivíduos com extensão proporcional ao conhecimento e percepção lingüística do falante (SAUSSURE, 1969).

Como processo, o design requer a articulação entre fatores «conceituais e figurais», ou seja, «palavras e imagens» e o processo de expressão é mediado pela língua, que possui um sistema de signos. Segundo Sausurre (1969), é na relação que se estabelece no sistema que os signos adquirem seu valor, que significam.

Fortemente orientado para o processo de representação pelo desenho, muitos designers não compreendem o quanto é importante o aprimoramento do repertório linguístico. Como exemplo, especialmente no processo criativo, é evidente como uso de metáforas, analogias (e outros recursos linguísticos) propiciam a criação e construção de formas visíveis que podem ser compreendidas pela mente de quem as reconhece, construindo sentido.

Nas diferentes etapas do processo e de design, quando a comunicação é dificultada, incorre-se em interpretações distorcidas, direcionamentos de projetos de modo equivocado ou prejuízo na compreensão do projeto desenvolvido pelo designer.

Em contrapartida, a competência linguística contribui para a excelência de projetos em geral, especialmente de design gráfico e digital em que as palavras são utilizadas para a construção de mensagens e sentido. É inegável o quanto a língua (e fala) é fundamental para o projeto de nomes de marcas; manuais; catálogos entre tantos outros produtos de design.

Sabe-se que o design parte de cultura para construir cultura por meio de objetos que carregam valores e retratam o contexto em que foram concebidos. Para tanto, é essencial a ampliação contínua do repertório visual e do vocabulário. Especialmente por meio da leitura e escrita é possível aprimorar o acervo linguístico, facilitar a comunicação e promover uma atuação efetiva em design.

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Bibliografia:

  • SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. Trad de A. Chelini , José P. Paes e I. Blikstein. São Paulo: Cultrix; USP, 1969.
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