Currículo, teoria e prática na formação em design

Reflexões sobre o ensino-aprendizagem em cursos de bacharelado em design no Brasil.

Gabriel Bergmann Borges Vieira, autor AutorGabriel Bergmann Borges Vieira Seguidores: 16

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A prática de design exige a articulação de saberes oriundos de diferentes campos do conhecimento. Para tanto, o ensino do design requer a integração de diferentes disciplinas, utilizando os projetos como momentos de síntese e aplicação prática do conhecimento obtido.

Para a realização de projetos, além dos tópicos inerentes ao design, tais como ferramentas, métodos, processos de projeto, fatores técnico-produtivos (ergonomia, processos de fabricação, entre outros), é fundamental considerar fatores e relações sociais, culturais e históricas.

O ensino e aprendizagem em design tem como grande centro de referência os cursos superiores em design, bacharelados ou tecnólogos. Os bacharelados em design no Brasil são estruturados respeitando as Diretrizes Curriculares Nacionais que estabelecem exigências profissionais a serem atendidas na concepção dos mesmos. Também a organização curricular dos cursos segue o estabelecido pelas Diretrizes, com o apontamento de tópicos e conteúdos a serem adotados.

Nesse sentido, como Conteúdos Básicos, cabe destacar abordagens Históricas e Teóricas do Design; Métodos e Técnicas de Projetos, Meios de Representação, Comunicação e Informação; Estudos das Relações Usuário/Objeto/Meio Ambiente; Estudo de Materiais, Processos, Gestão e outras relações com a produção e o mercado. Já, como Conteúdos Específicos são consideradas Produções Artísticas, Industriais, Comunicação Visual, Interface, Modas, Vestuários e outras produções relacionadas ao campo do Design. Por fim, os Conteúdos Teórico-Práticos integram teoria e a prática profissional, Estágio Curricular Supervisionado bem como a execução de atividades complementares específicas, compatíveis com o perfil desejado do formando.

A relação entre teoria e prática e a interdisciplinaridade é característica dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Design e, conforme Art. 4º - CES/CNE, Resolução Nº 5 de 2004, devem considerar:

  1. Capacidade criativa
  2. Capacidade para o domínio de linguagem própria
  3. Capacidade de interagir com especialistas de outras áreas
  4. Visão sistêmica de projeto
  5. Domínio das diferentes etapas do desenvolvimento de um projeto
  6. Conhecimento do setor produtivo de sua especialização
  7. Domínio de gerência de produção, incluindo qualidade, produtividade, arranjo físico de fábrica, estoques, custos e investimentos, além da administração de recursos humanos para a produção
  8. Visão histórica e prospectiva

No que diz respeito às estruturas curriculares de cursos de bacharelado em design, embora busquem atender às Diretrizes Nacionais, constata-se direcionamentos pedagógicos e estratégicos que estabelecem distinções entre cursos, muito devido ao contexto de oferta e aspectos de regionalização.

Outro tópico que merece destaque é que área do design requer atualização constante de projetos pedagógicos de cursos em decorrência de mudanças tecnológicas bem como de alterações específicas da prática de design – o que demanda estudo aprofundado pelos órgãos responsáveis (Núcleo Docente Estruturante e Colegiado de Curso) uma vez que tais alterações devem possibilitar a formação de designers com plenas condições de atuação no mercado de trabalho atual e futuro.

Para além de documentação dos cursos de graduação em design, a efetivação do ensino em design requer a expertise docente, integração com estudantes no contexto universitário, sendo de grande importância o ambiente de aula. Nesse sentido, a qualidade e diferencial de um curso de graduação em design reside no seu corpo docente, nas dinâmicas de aprendizagem e na infraestrutura universitária.

A experiência formativa dos estudantes é impulsionada pela articulação entre teoria e prática no contexto de aprendizagem. É nesse sentido que a vivência prática do docente (professor designer) e a atuação na sua área excelência pode contribuir de modo efetivo na conexão entre a aspectos teóricos (conhecimentos históricos, fundamentos do design e linguagem) e de ordem prática (domínio do processo de projeto, criatividade e conhecimento técnico-produtivo) e, como resultado, possibilitar a efetivação de visão sistêmica e articulação com outras áreas de conhecimento.

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Aprender design sem design(er)? Aprender design requer conhecer os modos de pensar, agir e projetar próprios do profissional da área. Onde estão os designers para ensinar projeto e prática de design?

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