Pensamentos na ponta do lápis

Reflexões para perder o medo de se expressar com o lápis, para sentir a paixão de fazê-lo.

Mario González, autor AutorMario González Seguidores: 24

Luiz Claudio Gonçalves Gomes, tradutor TraduçãoLuiz Claudio Gonçalves Gomes Seguidores: 46

Ilustração principal do artigo Pensamentos na ponta do lápis

Tenho me deparado muitas vezes com discussões sobre se o designer gráfico deve ou não saber desenhar. Considero essa uma discussão estéril (os que sabem desenhar que o faça e os que não conseguem não vejo nenhum problema nisso). Entretanto, recomendo o desenho a mão livre para tentar dominar este maravilhoso ofício de traçar com grafite as ideias sobre o papel. Não importa que no início os desenhos se pareçam com arranhões ou aranhas mortas, isso é válido no caminho em direção à meta perseguida. Sustento com absoluta certeza que descobrirá, literalmente, outro mundo.

O exercício de esboçar as ideias sobre o papel outorga ao designer uma fluidez e uma riqueza expressiva que ajuda não apenas na consecução de representar conceitos ainda difusos (soluções gráficas onde se começa o refinamento de ideias) mas também uma espécie de alimento espiritual, com propriedades anti estressantes, potencializador do ânimo positivo, talvez uma prática rejuvenescedora, quem sabe. No princípio, os resultados não são tão importantes, é o processo em si o principal objetivo. É o prazer quase infantil de pintar sobre as paredes, deixar que a experiência lúdica do traçado invada e envolva você.

Recomendo deixar que nossos impulsos primários percam o freio e se expressem em toda sua magnitude natural, com a expressividade de cada indivíduo, com carimbo próprio, força e impulso vital irrepetível. Lutar um pouco, resistir outro tanto para não ser «uniformizado», de algum modo, pela interface dos programas de edição gráfica de uso comum, ainda que no final tenhamos que claudicar para passar nossa ideia ao formato digital.

Não pôr barreiras à expressividade, abrir a porta para o assombro ao modelar no suporte os próprios instintos. Brincar de descobrir formas nos rabiscos dos papéis que vamos amontoando na cesta de lixo; aí estão as ideias escondidas em cada forma, em cada linha, na intensidade ou intenção do traço colocado sobre o papel; buscar uma interpretação, uma explicação; descobrir que o grafite tem muito a dizer.

Sinto-me um felizardo por pertencer a duas gerações: aquela que dominava o ofício manual para o desenho (na qual o lápis, obviamente, constituía a principal ferramenta) e a geração atual que conta com o auxílio onipresente da tecnologia.

Em minha experiência pessoal, a inquietude de expressar minhas ideias com as formas que surgem em minha mente tem me levado a desenhar (a lápis, evidentemente) minhas próprias fontes tipográficas de modo particular. Estou seguro que não chegaria ao mesmo resultado se estivesse optado em trabalhar diretamente com as fontes já existentes.

Desenhar é maravilhoso e gratificante, além de um complemento muito valioso para a profissão do design gráfico. Não devemos ter medo do desenho, mas lembrar que a prática faz o mestre.

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Retrato de Roberto Marques
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Roberto Marques
Jul. 2015

Olá Mário,

assim como você, também fiz parte da geração que tinha o lápis como um dos instrumentos de representação e criação. Mas me cansei de falar disso, principalmente com alunos. A maioria deles não se interessa pela expressões manuais, mas pelas tecnológicas. Gostar de desenhar deve ser incentivado na infância, também como recorte e colagem, montar e desmontar objetos, trabalhar com massa plástica, origami, etc., enfim, trabalhos feitos com as mãos e o cérebro. Não posso falar em nome de uma geração mas o lápis não me parece mais ser o objeto que desperta paixões...

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