¡¿Signos esquecidos?!

«Não o encontrei no teclado», «escrevi com pressa», «fica mais bonito assim», «era um texto informal». Não existe razão para não cultivarmos o uso correto da linguagem escrita.

Luciano Cassisi, autor AutorLuciano Cassisi Seguidores: 2014

Luiz Claudio Gonçalves Gomes, tradutor TraduçãoLuiz Claudio Gonçalves Gomes Seguidores: 46

Tudo o que comunicamos é transmitido por meio de nossa língua, o código comum que permite que a mensagem de um emissor chegue a um receptor com remota possibilidade de que este último interprete o que se quis transmitir. Se a comunicação oral é difícil, a comunicação é ainda mais complicada. Por isso, toda língua conta com algumas regras de escrita muito claras e completas que devemos conhecer para poder construir mensagens eficazmente escritas.

Seja por não ter afinidade com o teclado, por pressa, por copiar de outros idiomas ou por pura rebeldia (dos publicitários e designers?), gerações inteiras de falantes da língua castelhana têm relegado a existência de pelo menos dois signos fundamentais para sua expressão escrita. Dois signos especiais que lhes foi ensinado na escola e que não existem em outras línguas: os signos de abertura de interrogação (¿) e exclamação (¡).

Estes signos não são decorativos, servem para facilitar a leitura de perguntas e exclamações longas que oralmente somente se expressam por variação na entonação. Em outros idiomas estes signos não são necessários devido ao fato de que sua sintaxe não causa ambiguidade ao ser lida. Por exemplo, em inglês, para expressar uma pergunta inverte-se o sujeito (are you crazy?). Ao ler as primeiras palavras da oração a pergunta já é imediatamente percebida, mesmo se não for colocado o signo de fechamento.

Em castelhano «estás loco» transmite um sentido totalmente diferente que «¿estás loco?», ainda que a construção seja exatamente a mesma. Os signos de interrogação e exclamação cumprem um papel muito mias importante para a expressão em castelhano que em inglês. No caso de frases tão curtas como «¿estás loco?», se poderia dizer que a omissão do signo de abertura não modificaria o sentido e bastaria o signo de fechamento para que o leitor identifique tratar-se de uma pergunta. Mas na escrita castelhana os signos de interrogação e exclamação são signos duplos que sempre devem ser utilizados em pares, do mesmo modo que as aspas, os parênteses e os colchetes. Essa é a regra de uso destes signos na língua castelhana.

Por que não quebrar as regras se os designers e publicitários adoram quebrar as regras?

Por que não escrevemos da direita para a esquerda e de baixo para cima? Por que não modificamos a estrutura básica das letras? Por que não invertemos o uso das maiúsculas? Por que não indicamos o ponto e separadamente as reticências? A resposta é simples: porque as regras estão bem como estão, porque são resultado de um consenso que há séculos faz parte do idioma castelhano (a segunda língua mais falada do mundo, como língua materna).

Todo designer, comunicador, publicitário, educador, relações pública (para falar de alguns dos profissionais que participam deste espaço) deve ter em conta o uso destes signos fundamentais para  expressão escrita. As indicações da RAE1 sobre o uso destes signos são muito claras e vale a pena recordá-las:

  • Os signos de abertura (¿ ¡) são característicos do espanhol e não deve ser suprimido por imitação de outras línguas onde apenas são colocados os signos de fechamento.
  • Os signos de interrogação e de exclamação são escritos próximos à primeira e à última palavra do período determinados e separados por um espaço das palavras que os precedem ou os sucedem; mas se o que sucede ao signo de fechamento é outro signo de pontuação, não se deixa espaço entre eles: Vamos a ver... ¡Caramba!, ¿son ya las tres?; se me ha hecho tardísimo.
  • Apos os signos de fechamento pode-se colocar qualquer signo de pontuação, exceto o ponto. Logicamente, quando a interrogação ou a exclamação termina um enunciado e seus signos de fechamento equivalem a um ponto, a oração seguinte deve começar com maiúscula:
    No he conseguido el trabajo. ¡Qué le vamos a hacer! Otra vez será.
  • Os signos de abertura (¿ ¡) devem ser colocados exatamente onde começa e termina a pergunta ou exclamação, ainda que não corresponda ao início do enunciado; nesse caso, a interrogação ou a exclamação se inicia com maiúscula:
    Por lo demás, ¿qué aspecto tenía tu hermano?
    Si encuentras trabajo, ¡qué celebración vamos a hacer!
  • Os vocativos e as construções ou orações dependentes, quando ocupam o primeiro lugar do enunciado, são escritos fora da pergunta ou da exclamação; mas se estão no final, devem ser considerados incluídos nelas:
    Raquel, ¿sabes ya cuándo vendrás?
    ¿Sabes ya cuándo vendrás, Raquel?
  • Quando várias perguntas ou exclamações breves são escritas seguidas, é possível considerar como orações independentes, ou mesmo como partes de um único enunciado. No primeiro caso, cada interrogação ou exclamação deve ser iniciada com maiúscula:
    ¿Quién era? ¿De dónde salió? ¿Te dijo qué quería?
    ¡Cállate! ¡No quiero volver a verte! ¡Márchate!

    En el segundo caso, las diversas preguntas o exclamaciones se separarán por coma o por punto y coma, y solo se iniciará con mayúscula la primera de ellas:
    Me abordó en la calle y me preguntó: ¿Cómo te llamas?, ¿en qué trabajas?, ¿cuándo naciste?
    ¡Qué enfadado estaba!; ¡cómo se puso!; ¡qué susto nos dio!

Também o castelhano tem previstos alguns usos especiais dos signos de interrogação e exclamação, entre os que figura uma única exceção em que se pode omitir o signo de abertura:

  • Os signos de fechamento escritos entre parênteses são utilizados para expressar dúvida (os de interrogação) ou surpresa (os de exclamação), não isentas, na maioria das vezes, de ironia:
    Tendría gracia (?) que hubiera perdido las llaves.
    Ha terminado los estudios con treinta años y está tan orgulloso (!).
  • Quando o sentido de uma oração é interrogativo e exclamativo ao mesmo tempo, podem ser combinados ambos os signos, abrindo com exclamação e fechando com interrogação, ou o contrário:
    ¡Cómo te has atrevido? / ¿Cómo te has atrevido!
    Ou, preferivelmente, abrindo e fechando com os dois signos simultaneamente:
    ¿¡Qué estás diciendo!? / ¡¿Qué estás diciendo?!
  • Em obras literárias é possível escrever dois ou três casos de exclamação para indicar maior ênfase na entonação exclamativa: ¡¡¡Traidor!!!

Como é possível observar, as possibilidades expressivas destes signos, bem utilizados, são muito amplas. Prova disso é o fato de que há séculos os escritores têm utilizado este simples recurso para prender-nos, mobilizar-nos e emocionar-nos com suas escritas, desde muito antes da invenção dos quadrinhos, cinema, internet, chat e os emoticones.

Ainda que cada vez seja mais comum ler textos públicos onde estes signos de abertura são omitidos (anúncios publicitários, artigos de revistas e jornais conceituados, cartazes nas ruas, opiniões nos foros de debate, twitts de presidentes de países, etc.), o melhor e o único que podemos fazer a esse respeito é dominar e utilizar corretamente estes e todos os signos de nossa maravilhosa e querida língua castelhana, o principal pilar de nossa cultura.

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  1. RAE: Real Academia Espanhola.
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Retrato de Pedro Moura
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Pedro Moura
Out. 2013

Luciano, un gusto leer vuestro artículo, además que mis aventuras en el universo hispanoparlante empezaron por oportunidades laborales en proyectos y talleres de diseño mas allá de mi pequeño contexto lusófono. En mínimo, es una tarea del diseñador respetar y preservar la historia de la tipografía en español, que posee características –y caracteres– únicos, bellos. Por lo que vos agradezco, ¡Saludos cordiales!

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