Design Thinking não é Design

Há uma febre de Design Thinking no mundo, levando a uma visão errada sobre a profissão do Design. O artigo questiona, não o Desing Thinking, mas a sua aplicação superficial.

Marcio Dupont, autor AutorMarcio Dupont Seguidores: 70
Ines Reis, editor EdiçãoInes Reis Seguidores: 7
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Design Thinking (DT) invadiu o mundo. De alguns anos para cá, surgiu uma contaminação massiva (digna de filme apocalíptico de zombies) de «Design Thinking». Essa nova onda criativa – inovadora (?) invadiu grandes empresas e famosas escolas de negócios no mundo inteiro. Até as grandes empresas mundiais de Design não foram poupadas, e agora são obrigadas a ser especialistas em DT ou pelo menos, anunciar isso publicamente.

Ser «design-thinker» e/ou design-facilitador é agora ainda mais importante do que ser apenas «designer» e surgem questões como: «Você é só designer? Não serve, eu preciso de um Design-Thinker ou um design-facilitador!»

E da noite para o dia, todos são design-thinkers/designers/co-designers e assim o DT virou sinónimo do ciclo completo do Design; com a ideia generalizada e errada que, dominando o DT você domina o processo de Design completo e pior ainda, a ideia de que o DT é mais que suficiente para inovar!

Mas Design-Thinking por si só não é Design!

DT é só uma parte do processo total do Design, de maneira muito breve, podemos dizer que o processo completo do Design é composto de ideias-soluções criativas + ação concreta do designer, para se materializar num produto/serviço para o mercado.

Assim, Design não é apenas DT (solução criativa isolada) sem uma ação concreta. E DT representa apenas uma parte do processo de Design, mas não o todo.

O DT apenas para gerar ideias criativas, sem a ação concreta, não tem sentido, já que não levará ao resultado final desejado sem a intervenção do designer profissional no ciclo completo do Design.

Também é importante ter um designer no processo total do Design para alcançar o resultado profissional necessário. Já tenho visto capacitações de DT onde posteriormente não há um designer, mas um empresário capacitado em Design Thinking levando o processo de Design adiante dentro da empresa para alcançar a tão sonhada inovação!

O DT e o Design

Acredito que muitas empresas e escolas estão com essa visão equivocada que DT é Design completo, onde há essa percepção de que apenas um brainstorming criativo de uma tarde resolverá todos os problemas de uma mega empresa global.

Essa percepção do DT leva a uma visão equivocada do Design como algo rápido, fácil, supérfluo e que pode ser praticado por qualquer um, sem a orientação de um designer.

A aplicação do DT também leva a outra questão, todos os participantes são co-designers?

A participação de outros co-criadores (e não co-designers) é bem-vinda e muito necessária no Design, mas apenas o designer tem a experiência-conhecimento para filtrar e transformar esses insights no resultado final desejado. Não se pode deixar na mão dos participantes a decisão final do Design, transferir o Design para os co-criadores, enfraquecendo o designer e a sua proposta final. Essa decisão final deve ser feita junta com o designer, que escolherá as melhores propostas e as levará adiante.

Por isso é importante esclarecer o papel dos participantes e do DT, e não oferecer o DT como um pacote fechado de todo o processo de Design e que, resolverá milagrosamente numa tarde super criativa todos os problemas de inovação, sustentabilidade que a empresa tenha. O DT indica o caminho a seguir.

A popularização do DT

Hoje em dia, as empresas querem rapidamente soluções inovadoras e a baixo custo, e parece ser que, de alguma maneira, o DT preencheu essa lacuna, onde em algumas sessões semanais a empresa tem a solução que precisa. Assim, o processo caro, complexo e demorado do Design, transformou-se com o DT num processo barato, rápido e sem maiores complexidades.

Não sou contra o DT em escolas e empresas e, até mesmo aplicada por designers. Pelo contrário, já que o DT levou a um maior entendimento «certo ou errado» do Design e da sua a popularização mundial nas escolas e empresas, mas principalmente nas empresas onde com o DT começaram a perceber a importância do Design para a sua sobrevivência no mercado global.

O Design ganhou uma visibilidade sem precedentes na sua história com o DT, para além de centenas de livros, conferências e artigos sobre o tema. Indiscutivelmente há mais Design no mundo por causa do DT, e isso é muito positivo e necessário.

O ponto fundamental deste artigo é que o DT e o Design sejam entendidos e aplicados corretamente. Como designer não sou contra o DT e o seu uso.

Mas acredito que é vital para o designer e para a empresa esclarecer-se sempre o que é o DT dentro do processo de Design, e dizer aos interessados que o DT por si só não é Design, e não resolverá as necessidades ou problemas existentes se usado isoladamente; para isso, é preciso ter um designer e trabalhar todo o ciclo do Design. 

Acredito que assim, haverá um benefício ainda maior e real para o Design no mundo.

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Este artigo surgiu de um workshop sobre o futuro do Design com famoso designer, onde se discutiu e se questionou o papel do DT e a sua relação com o Design. Algumas ideias são do autor e outras surgiram dessa discussão.

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